DAVID E. ZIMERMAN - Algumas Palavras

08/07/2014

 

DAVID E. ZIMERMAN Algumas Palavras

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Adalberto Goulart

Tão difícil escrever neste momento, tão mais difícil ainda escrever sobre tão querido amigo, mestre antes de qualquer coisa. Difícil a concisão quando se tem tanto a dizer. Mas não poderia deixar de homenageá-lo, ainda uma vez, nosso querido David Epelbaum Zimerman. Sim porque, desde sempre, aprendi com seus ensinamentos que alcançava nos livros e revistas especializadas. Teoria, técnica, clínica, claro. Mas o mais importante mesmo eu vislumbrava, entrelinhas, em seus textos, o caráter afetuosamente humano.

“Davizinho” o chamam carinhosamente. Entendia que o diminutivo deveria ser para que o identificassem melhor em relação ao seu homônimo mais antigo. Era mais do que isso. Era a serenidade e a amorosidade que o azul suave de seus olhos, iluminado sempre pelo seu sorriso simples, transmitiam. E entendi que sábio não é aquele que traz a superioridade no olhar, mas aquele que sem palavras nos acolhe e nos transmite a placidez da experiência de quem já passou por onde passamos. Que nos encontra com o humilde e genuíno interesse em saber e aprender sobre como passamos.

Conheci David pessoalmente há tempos, em encontros fortuitos de Congressos e Jornadas, mas apenas em 2004 pudemos conviver por alguns dias em uma Jornada de Psicanálise em Aracaju, depois novamente em 2011, além de outros tantos encontros menores. Então pude compreender a generosidade deste homem para muito além das entrelinhas.

Tornamo-nos amigos, como amigos devem ser. Não importa o tempo e a distância, quando nos encontramos é sempre como se tivéssemos nos encontrado no dia anterior. Suavemente.

Assim é David E. Zimerman para mim (sim, é, no presente, porque sempre estará presente), a sábia humildade, cuja presença me acompanha desde então e eu, um privilegiado por tê-lo conhecido, o que renovou as minhas esperanças de que a humanidade pode sim ser viável.

Manifesto o meu, o nosso mais profundo pesar e o nosso abraço mais afetuoso à sua querida esposa Guite, aos seus filhos, familiares, aos seus amigos, alunos, colegas...

Adalberto Goulart

Presidente do NPA

Membro Efetivo e Analista Didata IPA - NPA/SPRPE

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Aldo Christiano

Todos nós que temos e vivemos de alguma forma a psicanálise sentimos repentinamente a dor da ausência do Dr. David E. Zimerman falecido no dia 04 de julho de 2014.

Médico desde 1954 realizou formação psicanalítica no Instituto da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre da qual se tornou membro associado em 1976, efetivo em 1987 e didata em 1990. Com a escrita clara e envolvente como lhe era peculiar, transmitiu a nós, generosamente, as suas experiências em inúmeros trabalhos e livros, comunicando a psicanálise com intensidade e intimidade, estimulando-nos a refletir e a querer saber mais.

Todos nós que o conhecemos pessoalmente sentimos o conteúdo de um ser humano rico em amorosidade e franqueza. A lembrança de sua vida e a inestimável contribuição científica que o Dr. David E. Zimerman prestou à psicanálise em nosso país o fará presente sempre, como as “Rosas Silvestres” escritas pela Clarice Lispector que mesmo depois de morrerem elas continuam perfumando um perfume adocicado e inesquecível.

Todos nós que o conhecemos, que temos e vivemos de alguma forma a psicanálise na nossa vida lhe somos gratos.

Aldo Christiano

Diretor Administrativo do NPA

Analista em formação IPA - NPA/SPRPE

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Ana Rita Menezes da Silva de Pineyro

Especial, afetuoso, acolhedor. Esse era o David Zimerman para mim.

Tive o prazer de conhece-lo pessoalmente em novembro de 2011 quando coordenei uma mesa de discussão de caso clinico na XI Jornada de Psicanálise de Aracaju, organizado pelo Núcleo Psicanalítico de Aracaju. Zimerman era o debatedor.

Me encantei com a maneira ¨simples ¨e didática com a qual ele traduzia temas tão complexos. No jantar de encerramento da Jornada me acerquei para trocar ideias, ¨beber ¨ um pouco mais daquela ¨fonte¨ chamada David Zimerman. Ao final da conversa ele me olhou e disse: ¨que estas esperando para iniciar a formação? Estás pronta...¨ Sorri, desconversei e lhe respondi que estava me organizando.

Trocamos endereços eletrônicos e a partir daí iniciamos uma troca de e-mails, sempre muito afetuosos. Ele sempre me perguntava sobre a formação e eu lhe prometi que quando eu iniciasse a formação ele seria o primeiro a saber. Disse a ele que o considerava ¨meu padrinho¨.

Em outubro de 2013 lhe enviei um e-mail contando a novidade. Já havia sido autorizada a iniciar a análise didática e iniciaria os seminários teóricos em 2014. Foi dada a largada, lhe escrevi.

Não obtive resposta, me pareceu estranho, ele sempre respondia... Mas talvez estivesse atarefado escrevendo um novo livro...

Hoje recebo a notícia do seu falecimento e, triste, desejo do fundo do meu coração que ele tenha lido o último e-mail que lhe enviei.

Ana Rita Menezes da Silva de Pineyro

Analista em Formação IPA - NPA/SPRPE

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Carlos de Almeida Vieira

A Psicanálise Brasileira perde um de seus ícones. David sempre foi uma pessoa generosa, carinhosa e muito dedicada à Psicanálise. Entre alguns psicanalistas do Brasil, David dedicou uma grande parte dos seus escritos sobre questões teóricas e técnicas do saber analítico. Estudioso da obra de W. R. Bion, ele nos deixa um percurso longo em suas obras, no sentido de pensar, esclarecer, desenvolver e o mais importante, ofertar aos psicanalistas, estudiosos da psicanálise e leigos afins, de uma maneira didática a complexidade da obre de Bion, às vezes difícil e escrita de uma maneira peculiar. David enfim, deixa uma obra extensa que auxilia, ajuda e divulga uma psicanálise mais atual, principalmente no que toca às ideias de Bion.

Como pessoa, ele sempre foi muito acolhedor, generoso, aceitando sempre convites para participar de eventos, inclusive por mais de uma vez aqui em Aracajú, em nossas Jornadas.

Os homens morrem, ficam as ideias. Parafraseando Guimarães Rosa, quando o homem morre, não morre, se encanta. Teremos sempre dentro de nós a saudade, lembrança e nossa eterna gratidão.

Carlos de Almeida Vieira

Coordenador da Formação Psicanalítica - NPA

Membro Efetivo e Analista Didata IPA - NPA/SPRPE/SPB

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Petruska Passos Menezes

“Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha, porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso. ” Charles Chaplin

Ninguém sai ileso de um encontro com David Zimerman. Encontrar-se com Zimerman é a possibilidade de fazer um mergulho nas profundezas do imenso oceano da humanidade. É voar entre as nuvens e desbravar a caverna mais escura sem medo. Nos encontros com o professor, ele nos dava a mão, como a uma criança, e seguiam os dois juntos, em uma linda valsa pelo desconhecido, embalada por suas palavras repletas de amor e devoção. Palavras sedimentadas em seus livros claros e objetivos ou em suas agradáveis palestras, em uma harmonia sinfônica de ideias que nos fazem tirar os pés do chão e sonhar pelo grande universo que é a psique humana.

Não haveria palavra melhor do que amigo para descrever nosso professor. Uma pessoa com um olhar compreensivo, uma paciência transformadora e que parece nos compreender quando fala. Alguém com tanta capacidade de doar-se não pode ser considerada menos que um amigo.

Com sua extensa publicação, mas antes mesmo de qualquer palavra escrita, o professor nos ensinou a fazer psicanálise pelo amor. Sentir, ouvir, prestar atenção, se entregar, amar. É isso que retiramos como principais ensinamentos de sua obra e da convivência com ele. Enquanto sua saúde lhe permitiu, sempre esteve disposto a ajudar e a viajar para os eventos sem exigir nada em troca, a não ser a companhia de sua amada Guite, e assim o fez em Aracaju. Um homem que trazia consigo a humildade e a paciência, sempre disposto a esclarecer uma dúvida, assinar um livro ou bater um papo.

A mudança é a única certeza da vida, aquilo por que todos passamos. É pelo processo de contínua mudança que nos lançamos em análise. As experiências que trazemos são as únicas justificativas para a vida. Nosso mestre, assim, deu continuidade a seu processo de mudança. A morte, traço comum a todo ser que vive, torna presente a finitude para os homens, mas imortaliza aquele que viveu e distribuiu o amor, doce que transforma a dureza da realidade em sonho possível de ser vivido.

Meu amigo, obrigada pelo privilégio de conhecê-lo. Morre o homem em sua humildade e afeto e nasce o ídolo que certamente levará muitas pessoas (talvez muitas que ainda nem nasceram) aos caminhos da psicanálise e da formação analítica, seguindo seu exemplo e seu amor ao próximo, que ficam eternizados em seus livros e através daqueles que tiveram a honra de conviver com você.

Petruska Passos Menezes

Diretora Científica e Financeira do NPA

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